25.11.08

A luz que resseca os olhos

Caos.
Imóveis, os fracos ficam.
Cegos, crédulos, mudos
Veneram uma luz que não faz sentido.

“Ó, Senhor, salve-nos”

Pálidos.
Marchando, os fracos fundem-se.
O rubro, a alma, as necessidades
Violadas pela aceitação da cristandade.

Uma única força,
Um único grito,
Um único desejo.

“Ó, Senhor, salve-nos”

Um abismo abre-se no meio da multidão.
Uma luz, uma única luz, emanada de uma fenda.
Os animais fogem, os homens se ajoelham.

“Ó, Senhor, salve-nos”

- Hoje, vocês morrerão.
Não irão para o novo mundo.
Não existe novo mundo.
Hoje, vocês morrerão.

“Ó, Senhor, salve-me”

Os homens correm em todas as direções.
Os animais retornam num único grupo.

“Ó, Senhor, não me mate”

Os animais sobrevivem, pois morreriam em grupo, todos juntos, uma única força.
A luz ressecou os olhos dos homens.
Primeiro uniram-se e depois se desuniram pela salvação.
Os animais fugiram e voltaram juntos.
Todos os homens morrem.

8.11.08

Rosa desbotada.

Depois de várias cervejas, uma dose de whyskie, dois anti-depressivos e um pouquinho de vômito:

Um dia conheci uma menina.
Olhava nos seus olhos e não via expressão.
Mórbida, fria. Escondia os sentimentos.
Infelizmente, me rendi a esta escrota paixão.

Faceira, desbotada, fascinante.
Esta rosa que aparece... E cresce vigorosa.
Ancorada por muralhas de espinhos... protege o coração.

Parava entre um beijo e outro.
Lambuzava minha orelha com sua saliva do inferno.
Dominadora! Escrota!

A vida não dá voltas.
Amanhã posso não estar mais aqui.
Mas, desta rosa que espinha...
... certamente, não vou mais sair.


Ps: Quem porra é esta rosa desbotada?