22.9.08

Sobre Chaves, Evos e Morales, Ticos e Kikos.

Me assusto com a falta de positivação do direito. Com as lacunas e as imprecisões.
Não exatamente com o dispositivo.
Mas com o poder que é destinado ao magistrado.
Ao mesmo tempo não vejo outra saída, as vezes.
Modéstia à parte, me sinto preparado e justo para operar esses espaçamentos.
A tempo que me vejo tão imparcial, reconheço também os meus preconceitos e medos.
Um misto de contraditório e marginalização da utopia.
Paradoxo. Todas as ditaduras me parecem iguais. Todas elas são paradoxos.
Você é tão bom, e as pessoas à sua volta tentam te convencer também disto, que se sente capaz de escolher o que é melhor para os outros.
Se for pra escolher uma utopia, eu ficaria com aquelas as de modelo anárquico, onde todos os homens são bons e suas vontades não ferem uns aos outros. Pois "sonho que se sonha só, é só um sonho que se sonha. Só. Mas sonho que se sonha junto é realidade.".

Tenho um amigo que se parece muito com esse Tico. Pulsa amor por dentro e só vomita ódio.
E vejam só: em casa ele é conhecido por Kiko, embora não sei quanta gente sabe disso.

20.9.08

Um dia

No meu peito há um espaço vazio no oeste recalcado por uma parede de vidro que jamais me permiti quebrar
Tento com sucesso aparente espremer meu corpo contra o chão, para enterrrar meus ossos como um cão
A fim de encontrar uma nova via rasgo as minhas veias
e observo meu sangue escorrer pelo corredor por onde passei
Eu posso ver o vermelho do vinho pingar aonde meu peito foi rasgado
Amargando o meu presente
e adocicando o futuro dos urubus que sobrevoam minhas idéias

Os pombos cercam a minha casa
E estão certos de que lhes tomei algo que lhes pertencia
Nesse instante me vejo num horizonte vertical
Num longe inexistente

Com olhos que acusam um carrasco
Eu posso enxergar que nesta mesa há cinco lugares vazios
Entretanto entre estas paredes de um vidro as vezes fosco
Só cabe um homem sufocado por verdades contidas e miseráveis

Posso sonhar com o dia em que eu mesmo contestarei tais verdades
Neste dia estas paredes vão ouvir meus gritos
E espatifarão seus cacos por todo o meu peito
Perfurando as minhas conquistas e abrindo os meus medos
Me deixando verde, sem o sangue que escorre, pinga, e salga misturado as lágrimas de minha velha
que agora possui um pouco de mim que se pode tocar
Sinto que todos me olham
Posso sentir o sangue borrando minha maquiagem
Enquanto isso descubro que o fraco que tenta ser forte é capaz de identificar seu semelhante mais rápido
discreto ao forte, mais repugnante
e só aceita após três sorrisos misturados com um olhar distante
Porque se não é capaz de ser o que não escolheu, não é capaz de acreditar em si mesmo
Finge ser diferente de estereótipos
E a procura de um estilo torna-se bacharell do seu próprio preconceito

19.9.08

Dizei aos tolos que não os guio

Os revolucionários, de hoje em dia, não são tão revolucionários assim.
São cópias, modelos pragmáticos.
Cabeludos ou carecas.
Barbudos ou sem barba.
Gordos ou malhados.
Não falo disso, falo da maneira que manipulam a idiossincrasia dos outros.
O pseudo revolucionário não quer fazer revolução, quer posar de patriota, de bom moço.

"Viva La revolucion"
Todo jovem revoltado acaba admirando ícones oposicionistas.
Fundamentado num principio básico:
A liberdade.
Mas, a maioria confunde os próprios sentimentos.

Querer fazer revolução é atestar que sua vida pessoal não está nada bem.
Não falo nem do psicológico, decerto está bem fudido também.

Falo aqui porque alguns de vocês conhecem um pseudo revolucionário:
Tico Santa Cruz.

A única coisa que ele quer é posar.
Aparecer em revistas como um bom samaritano.
Falar de política e os jovens acreditarem que ele é um ícone.
Decerto é um ícone... É o retrato da alienação dos jovens revoltados do Brasil.
Na minha época eu bebia, fumava, lia filosofia, escrevia e mandava todos se fuderem.
Não fui um grande político quando jovem, nem preciso ser hoje.
É notório que não ligo para a opinião de ninguém, a minha já basta.

Voltando ao assunto principal...

Os revolucionários, das antrolas, saiam às ruas e enfrentavam o canhão.
Lembram-se da música de Geraldo Vandré (Pra não dizer que não falei das flores)...

(...) e acreditam nas flores vencendo o canhão.

Bem, o novo revolucionário deu um upgrade nesta frase.
Não são mais flores, como na imagem mais marcante da revolução (Jovens colocando flores nas metralhadoras que eram apontadas para eles), agora são narizes de palhaços.

Não sei se entendem o que quero falar.
Você entendeu que é um critica severa ao falso moralismo do cantor dos Detonautas?
Bem, eu não falei nada que envolva moral, mas sim.
Tudo que escrevi foi uma critica direcionada ao cantor dessa banda.

Depois de ter escrito isto, você pode estar pensando na frase tópica.
"Dizei aos tolos que não os guio".
Ela completa o pensamento de aversão.
Um pastor de campos não precisa sair de seu reduto, basta ficar parado e esperar seu rebanho.

Ah! Para a crítica ficar completa:
Um grande pensador não precisa do google.

11.9.08

++

Quando ficamos frente a frente não pude entender o que estou sentindo
O vazio lhe torna frágil e faz chorar
Mas não há quem mereça um pingo, de suas lágrimas amargas
Te amei com o olhar: Como num jeito triste de contar piadas...

1.9.08

A minha morte

A minha morte não será digna.
As lágrimas, que forem derramadas, não serão verdadeiras.
Os meus olhos se fecharão para não ver tanta mentira.

Verei viúvas que nunca existiram.
Na tristeza, na alegria, buscando ser a própria dor.
O negro, das vestimentas, contrastando com o branco de um sorriso sardônico.
E a imagem de uma família retratada em um andor.

Falsos moralistas que perturbaram minha existência.
Afastem-se deste corpo que não possui mais alma.
Chorem, estas lágrimas de colírio, em seus templos de cristã-decência.

A minha mente chama para planejar minha despedida. Recobro os sentidos, mas quando poderei crer que minha vida não passou destas angústias e raros momentos afetivos?

Compreendo que os pudores levaram-me a solidão.
Olho, então, para este fim dispendioso.
O medo, de não ser aceito, os pensamentos desconexos.
De jovem problemático, tornei-me um adulto sem solução.

Ah! Esta morte não será sentida.
Não será, sequer, digna.
Não terá parente.
Pois, agora, percebo (...).
Sou, de fato, um indigente.