30.7.08

Das verdades contidas no branco pálido.

Quisera ter certeza ao escrever.
Sentir que sou um pintor de um quadro...
Já pronto.
Olhar para cada lado deste papel enquadrado
E perceber que está completo.

Alentar uma necessidade leviana
Propor-me a pensar no novo.
Quisera ter este poder...
De escrever.

Sou vítima, culpado de vários crimes.
Mas, nunca fui processado,
Pois no rodapé deste retângulo esbranquiçado,
Sou como uma enxurrada que vem forte, imponente.
Roubando a essência de meus próprios alter-egos, cometendo o plágio.

Livro-me das dúvidas, da dubiedade, de meus maiores pecados.
Lascivamente, corrompo meu monitor, minha CPU e até
o mouse e o teclado.
Eles agora me veneram, como um Deus,
Pois de toda simulação feita (...)
Não sobraram verdades pra dizer.
Apenas nutrem-se de fé e esperança,
Assim produzindo aquilo que quero:
O desespero, o choro da decência
E o orgulho da própria ignorância.

Das verdades contidas no branco pálido...
Não sobraram nem
Meias
Humanas
Palavras.

29.7.08

O amor por Lola Sartrim.

Desta luz que carregas em tuas mãos,
que escondes para que outros não a vejam,
do toque de um amor chovido,
deste olhar penetrante,
sussuro, aos prantos, nas sombras:

As chagas que me trouxestes,
a invisibilidade aos olhos teus,
os cruéis raios vindos do rio,
não são suficientes, amor meu.
Não, quando apareces na constelação.

Vigorosa, esplêndida como nenhuma outra.
Roubo o último cacho em busca de sinais cardinais.
É chegada a hora do fogo, amor.
Os pés resvalando na terra batida,
a inveja - consumindo-me - dos amantes correspondidos,
tornam-se os últimos floreios para um fim, antes, descabido.

A dor de ver em meus punhos espinhos de um Cristo,
os olhos fechados, como vidros rotos.
É a finalização desta insanidade causada por um beijo.
Os pecados deste mel que a mim fora proibido
transformaram-se em meus últimos latejos.

27.7.08

Domingo

Dias novos são iguais a todos outros
Respondo enquanto você ri
Não fica esperando alguma coisa acontecer
Pra quê mentir?
Não gosto desse jogo
Ok, se você já ganhou, então podemos parar?
Você me diz que gosto mais de dormir que conversar
Na verdade uma coisa leva a outra

Enquanto não começa outro passatempo
Sento aqui prá ver tudo acabar
Parece fácil
E de repente eu me distraio

São nem sempre pensamentos bons
Mas sempre inoportunos
Se pra tudo existe hora e lugar
Se daqui eu não sou
Que horas são por favor?

Passo a achar que alguma coisa já passou
Enquanto esperava que algo fosse acontecer
Quero entender como é que isso aconteceu
Estive preocupado em ver tudo que passa
Mas meu raciocínio é lento e acredito
Que hoje aquela coisa que me faz acreditar
Dobrou a esquina enquanto eu jogava
Ou pintou o muro da sua casa só pra disfarçar

Dias novos são iguais a todos outros
Ouço alguém gritar
Enquanto eu abro os olhos
Ou antes de eu acordar
Na verdade uma coisa levou a outra

Não tem importância prá mim
Você parece gostar
Então minha parte é sua
Sei como te fazer feliz
E juro que não ligo
Tira uma cópia da chave pra mim
Que eu dou dois toques antes de entrar
Aqui em casa é como lá fora
Estranho e pequeno demais
Mas é meu esconderijo

17.7.08

Poesia, drogas e intolerância.

Pensar. Fazer. Criar.
Poesia, loucura e, então, diagnosticar:
Desvalido o relicário.
Fatores ilusórios alteram os condutores.

O idiomatismo e seu caradurismo selvático,
Até, profanamente, assintomático.
Dogmatismo estupendo.
Ateu, adepto da profanação.

Pensar. Fazer. Criar.
Julgar de embuste para, então, furtar.
- Venha!
Tenho casamata invencível. Pode atirar.

Transcender as regras e financiar.
Credor, do amor e da guerra,
Sem pudor irei cobrar.

Adeuses, prófugo, irão te enterrar.
Lanço meus sortilégios e tua crença irá
Ao profundo lago ilusório da discriminação,
Do ódio e da moral.

Confrontos e intromissão das
Forças de prosas.
Desço do pedestal e concordo.
Ao exílio, insolentes,
Irão Clamar
Pelas mortalhas que dei a teus pais,
Pela união poética e pela
Concisão de minhas palavras e
De minhas éticas.

11.7.08

Prolixidade da vida - O adeus à hipocondria.

Poesia antiga, mas que se torna atual, pois toda vez que busco respostas olho para quem fui anos atrás.


Sentia que tinha uma força que regia todos os meus atos.
Sentia-me impotente perante ela.
Sentia que tudo era uma ilusão.
Sentia que a existência era uma mera confusão.

Milhares de "bits" perdidos tentando decifrar os mistérios do meu subconsciente.
Dezenas de horas acordado, perturbado pela falta do R.E.M. inconsciente.

Dores, mentiras que a psicanálise explica.
Queria sentir a sensação de ser pulsante.
Sentir o sangue revivendo em cada grande circulação e ser alvo de palpitação inconstante.
São desejos.
Desejos que a alma não calou, gritou.

Nunca saí da minha cadeira de rodas metafórica.
Sofria da hipocondria.
Nasci como o ser da discórdia.

Pois hoje, quero gritar para o tal Deus ouvir,
tudo o que desde o nascimento obstrui.

Dizer que quero sonhar.
Viver num universo paralelamente.
Quero cantar todas as lágrimas que chorei quando inocente.
Quero dizer que infelizmente vivo num mundo já existente.
E que as fábulas ficaram num passado que me lembrei recentemente.

8.7.08

Palavras para Lola.

Avisto de longe um mirante.
Em uma busca incessante por paz e congruência.

É uma máquina:
Função ser o anticorpo do meu hausto.
Leis, dogmas.
Certezas, inconsciência.

Como poderás entender?
Como saberás ver as antigas verdades que tu crias?
Mãe precoce, por força do destino.
Deus não ajudar-te-á.

E os sonhos prosseguem numa estrada de rosas.
O tormento não conseguiu achar-te em meio a confusão que causaste.
Genialidade fluida.
Austeridade contra as lamúrias.

Vai pra cozinha, mistura arroz com feijão.
E grita: "Eureca, uma nova invenção"

Eclética, parte para o Novo.
E lá encontra, um porto seguro para todas as batalhas.
E lá enxerta, uma raiz profunda, cravada na alma- coração dos que nunca avistaram a beleza épica .

Intelectual, genial.
Linda, fenomenal.

Faço-te uma rosa com minhas mãos
.E só te peço uma coisa:
Não prive-me de achar o teu olhar,
algo raro de se encontrar em meio essa plenitude/escuridão.

1.7.08

A miséria brasileira.

Como não consigo mais escrever poesias...
Vou postar as músicas que ando fazendo.

Vejo fome, desilusão.
Mártires catando alimento e mobília num típico lixão.
Anciãos, jovens promíscuos, dividindo pedaços fermentados de gordura.
Polidactilia, gânglios cerebelares em constante mutação.
Um açougue pós-modernista.
Aparência brutal, linhas cansadas de tanta expressão.

E assim, seguem um caminho à espera do chamado.
(Que Deus os leve)

E assim vão sofrer, utopicamente anseiando ao Paraíso em cada dia de morte.

Crucificados pelo bem do progresso, excomungados de sua fé.
Exonerados do convívio social, vistos como restos decadentes do passado.

Brasil, hoje olho pra ti;
Sem soletrar as quatro letras mágicas, eu me expresso.
Brasil, onde estão os humanos conceitos?
Enxergo pederastas, falcatruas, degenerações e defeitos!

Indignos até do inferno Dantesco;
Pra onde o vento leva o futuro do país?
A felicidade de uma gestação torna-se o pesar de seus genitores.
Desnutrição, ignorância, uma vida curta ao certo.
Eis aqui a batalha por sobrevivência de uma mãe e do seu infeliz feto:

A cruz será o destino.
Sem relevância se pecastes.
A omissão fez nascer uma coroa.
Jesus a carregou e agora tua vez, doce menino.

Fortalece o espírito, não és como Ele e sim um indigente.
Levanta-te e segue. Ruma para o céu, onde finalmente serás “gente”
E leva tua coroa, como teu pergaminho.
Diz aos infiéis, os teus sonhos e que onde agora são rosas antes fora espinhos.