29.3.08

(Com Henrique Farrapera)

Olhos fundos por pensar em você
Veja, não sou mais
Quem eu era a um tempo atrás
Me sinto bêbado mesmo quando estou sóbrio
e querem que eu seja sempre legal

Mas meu mal é te querer assim
Ou somente te querer apenas
Ficar pensando a noite inteira
ou até enlouquecer
Seguir perdido e não saber
aonde isso tudo vai dar?
Não sei mas quem é que vai estar aqui
Não sou culpado por te querer, e sei

Quem dera eu poder um dia te guiar
Sem saber pra onde estamos indo
Sei que você gosta do meu estilo
E que as vezes também pensa em sair, sem destino

Então segura na minha mão
Essa tristeza que brotou em ti vai se apagar
Na verdade a vida é muito pior
Mas não precisamos fazer parte dessa vida
Nossa vida é bem melhor

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Atrás num passado distante somente pro tempo
Longe e depois da janela
Mora um sentimento onde a felicidade se esconde
Depois que fui embora e o meu sorriso ficou na boca dela

28.3.08

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Se é que você acha, que eu gosto de sofrer
Saiba que eu gosto, de quem gosta como eu sou
Se você me acha do jeito que encontrou
Saiba que eu me acho, do jeito que eu sou
Se você se acha, onde foi que procurou?
No ego na barriga, aonde eu não estou
Saibas realizas o meu sonho de criança
Pisar em quem tirou, meu fio de esperança

Bem verdade, fez melhor do que eu faria
Por falta de coragem, ou por minha ironia
Ironia ter você, todo tempo aqui comigo
Pela minha paciência, ou insignificância
Hoje tua presença não é mais esperada

Não engano mais
Me proponho
Mas falta talento

27.3.08

O despertar do último romântico.

O outono chegara rapidamente.
O vento forte, as folhas caindo, graciosamente.
Escutei o canto de mil pássaros da minha janela, mas não pude cantar e voar com eles.
As sensaborias desta vida tornaram a existência uma mera conformidade.
A cobiça e aspirações foram deixadas de lado.
Só o canto dos pássaros me facinava.

Na posse de alguns trocados saio todos os dias pelas ruas de meu bairro.
Compro um jornal na banca da esquina e começo a caminhar.
Algumas senhoras olham, perplexas, para as vestes, antiquadas, que recobrem meu corpo.
Percebo o quanto ostentar elegância se tornou fundamental.
Mas, o espírito livre não precisa ser elegante, charmoso. Basta ser livre.

Nesta longa caminhada passei por vários espelhos, mas eles não me mostraram nada.
Vi um rapaz barbudo, com cabelos desgrenhados, mal-tratados, apenas.
A aparência grotesca há de ser contrastada com a alma pura do penúltimo romântico, que
das lágrimas derramadas no passado imortalizou as sombras, destas, em sua própria face.

O sol começa a nascer.
É chegada a hora de respirar profundamente, reduzir os passos e abrir, lentamente, os olhos.
A claridade, romperá na madrugada, fornecendo a esperança de um novo amanhecer.

25.3.08

A sátira do poeta.

Se puderes fazer algo pra ajudar alguém que amas, jogue seus direitos no lixo e cumpra seus deveres.
Coragem para tanto?
Não terás nunca.
És fraco.
Iludido por histórias de 2000 anos atrás.
Vivendo de passado.

Sejas tu a liberdade que ficou grávida
E que deu a luz ao novo.
Decida-se entre o bem e o mal.
Qual escolherás, Insanidade?
A ardência de uma paixão ou o temor da morte, seguindo
O curso natural da vida igualitária do único cristão?

Dúvida digna de um asno.
Mas, não te preocupes, o Opositor sempre será uma solução...
Prometerá mulheres e cerveja e te dará uma vassoura e um carro de mão.
Para não ficares infeliz, O Demo, fará uma última boa-ação.
Puxará da cueca um documento e te dirá:
- Eis um passe. És livre da escravidão!
- Então, o que farei por aqui?
- Bem, para isto terei que chamar meu amigo...
Negão!
- Putz! O que este cara faz?
- Bem, pegou prisão perpétua.
Estuprador... Puta vacilão.
- Ele vai me estuprar?
- Mas, claro. Esta é minha única diversão...

Depois de horas e mais horas de sofrimento, és livre.
Pára pra pensar...
- Sou Fragmentos de duas metades opostas.
O bem e o mal.
Será que serei acolhido no Mundo da Plenitude?

(Pausa)

Inquietude.
Acabo de implantar uma semente numa terra, antes, inadubável.
Colherei os ramos, os frutos deixarei pro plebeu insaciável.

(R.E.M. despertado)

Uma máquina acaba de ser criada.
Uma nova criatura, em meu controle, inanimada.
Instalo-me em seu cerebelo.
Manuseio seus passos.
Mostro o caminho para a torre sádica.
Ele não me obedece.
Paro. Solto-o. Reflito.
Eureca!
A panacéia social está descoberta.
Após a tormenta, um homem descobre que ama a si próprio.
O amor verdadeiro.
E neste bonde de revoluções venho eu de passageiro...

Clamor da razão e da emoção.
Aquele que inspirou presidentes e suicidas.
Esperas que revele o meu nome?
Calma, só mais um pouco de enrolação...
Sou o espiritual segredo, a imagem e semelhança,
A doença de pobres e ricos.
Eis que sou:
A imaginação.

Ps: Isto é uma sátira. Como toda sátira plagiei um autor( Rique Farr Sunsa).
Bah!