3.9.09

!

Alguém que escreveu sobre o meu jeito de andar
vai acordar e ler isso amanhã
Vou dizer que eu só sei é que ando assim, desde quando eu não sei
e que não é medo de cair, mas de pisar em alguém

Mas ainda talvez
eu queira mesmo é que alguém me siga

Que aprenda um jeito certo de não ser

Que este passo lento é tão desatento
que só olha pra trás

Que sou assim, nostálgico por excelência e conformado por necessidade.

04:40 AM

Eles não sabem porque as pessoas se suicidam de manhã!!






Haverá sempre uma carta em minha vida.
Sempre bem guardada.
Hoje ela está envolta por esparadapos verdes, mas vou confessar que é uma carta antiga.
Então por ora não acontecerá o óbvio.

Estive pensando em reescrevê-la, mas não em me matar.
Quando escrevemos somos sempre um pouco mais sinceros. Todos nós, eu acho.
Mas eu não saberia explicar a ciência disto.

Outro dia escrevi um e-mail descrevendo tudo o que senti e sinto.
E eles estão pensando que eu sou ingênuo, imaturo e demente.
Veja, não sou do tipo que deixa de dizer que nós devemos é mudar o mundo.
Mas eu sei bem é que tenho muita preguiça e assumo.

Só porque não abro mão de alguma teoria que eu poderia passar horas traduzindo.
Não quer dizer que eu não aceite a possibilidade de estar equivocado.
Na verdade em tudo que eu faço, eu acredito realmente nisto.
Mas prefiro o conhecimento empírico.

Nunca fui de ler livros.
E vejam só.
Já desejei muito escrever um.
Gostaria que nem lêssem este post.
Mas que não deixassem de ler a minha carta.

17.8.09

Canceriano em lágrimas (arquivo FMI)

Sempre me imaginei, todo de branco
Entrando, sendo levado
À ala dos loucos mais perigosos
Segurando na mão de minha irmã, desesperada
que agora já não tem certeza de que é para o meu próprio bem
Esta cadeira de rodas amarrado e insano

Imagino a minha luta inerte
Contra as águas que começam a inundar meu pulmão
Minhas próprias lágrimas
Guardei-as por toda a minha vida
Espero que estas mesmas, lágrimas
Me presenteiem agora com a eternidade
Libertando-me deste quarto não-alcochoado
que é a minha vida

6.8.09

Quarta-feira

A quarta-feira pra mim vai ser sempre um dia importante. O dia que o vovô macaco (peludo e
comedor de banana) vinha me buscar pra tomar sorvete e depois jogar buraco. Nunca ganhei um jogo sequer. Mesmo quando eu era "garoto" ele não me deixava ganhar, dizia que era uma
sacanagem deixar alguém ganhar. Chegava em casa, tocava a campainha e sempre que eu ia
olhar no olho mágico lá estava aquele olhão do outro lado "a-há". Íamos pro shopping, ele
sempre com aquela bermuda jeans (acho que era sempre a mesma). A camisa por dentro e aquela meia branca até a canela. Sempre tomava mais sorvete que eu.

Quando voltava de aracaju, vinha sempre cheio de histórias e por lá ficava conhecido como
vovô-gump.
Quem nunca ouviu a história de que o Pedro quando foi escolher o curso dele escolheu pelo
que tinha menos concorrência?.
Toda vez que estava na casa do vovô ele contava do dia em que o Bruno comeu uma panela de
munguzá inteira e todo mundo ficou sem jantar.
Do Rio também trazia notícias.Até hoje acho que ele não tem certeza se o Leandro faz história ou geografia, ou as duas coisas, mas falava que isso já tem pelo menos uns 10 anos.
Os únicos netos que salvam a família, ele dizia, a Carlinha e a Bibi, cheio de orgulho.
Falava também que o vitinho poderia ser a salvação dos netos homens.
Que o Lipe não gostava de falar ao telefone.
E que a Dani sempre atende o telefone.
Chamava o Sérgio de Ruy, o Ruy de Sérgio, a Regina de Denise e a Denise de Regina. Desse
jeito eu não entendia nada, mas ele achava o máximo falar da família. Por exemplo, que a Ruth ou a Estella sentava a porrada nos meninos do colégio que mexiam com ele.

Meus amigos não acreditavam, parecia clichê eu falando (vai lá em casa).Que o meu avô era todo fortinho e durinho que caminhava todo dia e que ainda dava no coro, como ele tanto gostava de afirmar. Que detestava guaraná até a coca-cola resolver lançar a Kuat. E sempre que alguém o conhecia eu pedia pra ele encostar a língua no nariz ou mexer a orelha sem usar as mãos e sem mexer a sombrancelha. Digo sempre que é a pessoa mais justa que já conheci na minha vida. Eu achava que todo mundo tinha que conhecer o vovô. Que todo mundo tinha que provar sorvete de menta do Zecas e queijo coalho com goiabada.
Ainda acho.

19.7.09

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Afinal você é uma menina boa ou má?
Se eu te perguntasse sei o que responderia
Não perca seu tempo querida
Ouça, pra mim tanto faz a diferença entre o que você me fala e quem realmente é
As vezes me importo mais com o que tenta ser
E tento me convencer de que nunca foi assim
Mas você não ajuda em nada, não é mesmo?

Saiba, não quero mais te ver
Mas quero ouvir você cantar e dizer o que eu gosto e o que preciso
A parte pequena-grande que existe em você
Tudo aquilo que você deixaria por último
Você é o que faz transparecer, uma mulher burra ou apenas indecente?

Entenda, e pela última vez
Esse olhar que você tem não compraria a metade do que a gente poderia ser
Pensar assim sobre você não é nenhum desvario
Conhecê-la é algo impossível talvez até pra você mesma
Se você acha que na maioria das vezes te odeio
O que você acha que eu penso sobre mim?

Veja, prá falar a verdade hoje nada na minha vida é essencial
Passei pelas idéias do próximo e da família
Pensei até em ajudar a mim mesmo
Não acredito em Deus até agora
E tenho receio de ser o mesmo, igualzinho o de dez anos atrás ou mais, certamente um erro
Já passei também pelo assassinato e o suicídio, um contestável acerto
Sempre falo mais do que as pessoas querem ouvir
E hoje foi igual, mas na maioria das vezes, acredite, não por mal
Se é pra lamentar a gente junta e enche a piscina com lágrimas
Mas se é só pra fingir, não espere de mim uma só gota
E aí vão pensar que eu sou muito racional, e principalmente frio
Mas é que se eu sofresse ainda mais, com certeza morreria antes de todos vocês
Vivo batalhas diárias entre a verdade e o amor
O que deve vir primeiro?

Perceba, antes esses versos eram claros e em sintonia
Hoje são medonhos
Mas você precisa saber
Layla disse eu te amo
E desliguei o telefone
Por que?

25.5.09

O medo persegue o meu inconsciente acorrentado ao sopro da noite
Meus olhos podem ver mais quando não posso controlá-los
Os ouvidos estão mais aguçados
Meus passos tornaram-se mais pesados
Nas avenidas que se transformaram em vielas
As ruas de meu quintal
Formam calçadas irreconhecíveis
Eu não me reconheceria
Pálido e negro
As sombras perseguem minha escuridão
Meus fantasmas só assustam na luz do fogo
O mesmo que incendeia a luz dos meus olhos, que se apagam no choro
Vigiam-me os olhos de quem me seduz à noite
Me olha de um céu tão distante
Cravaria agora mesmo um punhal em meu peito
Mas sabe que eu não posso resistir aos seus mistérios

Se até a lua tem crateras
Por que eu insisto em morrer ?
Faz tanto tempo que não nos vemos
Que por algum momento surgiu alguma incerteza
Talvez pelos móveis, não sei
Podem ter duvidado da minha espera
Estão no mesmo lugar desde o sempre
Mas parecem estar um passo atrás
Talvez a sala tenha sofrido com o vazio
A solidão mata de asfixia
O coração bate tão forte que sufoca
A cozinha é amiga, mas muito silenciosa
Os quartos estão fechados
Tornando mórbidos os corredores
Meu quarto está desesperado
A televisão grita e as cores brilham
Há sempre uma luz acesa
Iluminando os meus olhos bem abertos
Até que o sono surre minha nuca
De manhã acordo olhando para o telefone
Depois de fingir me preocupar
Sem obter sucesso para me concentrar no jornal
Meu cotidiano é sem gosto
O meu mel não gruda

9.5.09


'Coisas que leio nas revistas sem estar realmente escrito, que não queria nunca que estivessem em outdoor´s.'


Estive caminhando errada por aí e nem sabia
- (se só existe um caminho porque eu não acho?)...
Tive um dia ruim e nem percebi
Têm sido piores que isso e me descuidei ou não pude acreditar
Milhões de coisas sobre mim que eu não sei
- (vou anotar)...
Estive correndo por aí
Lendo outdoor´s e reclamando desse calor infernal
Estive incompreensível até para mim
No lado errado da cama, do lado mais perto do telefone
Não sei o que é sonho ou o que é pensamento
Aquilo que li não era bem o que estava escrito, lendo de novo esses outdoor´s
Há quem ache esse sol tão bonito
Também tenho meus gostos estranhos
- (a maneira como pintam as calçadas de São Paulo, por exemplo)...

Passei pela banca de jornal...
Comprei uma revista velha.
A fim de encontrar algum vestígio teu.
- (nenhum sinal. Nenhum “procura-se” por mim)...
Estava certa do que procuravas.
E sabia da minha fuga.
E que éramos únicos.
- (jamais te senti, apenas em meus pensamentos)...
E nos teus pensamentos, nunca estive em teus braços.
Mas mesmo assim, contudo, havia carinho.
Meu, através de um devaneio. Teu, instigado pelo limite.
- (ao passo que nosso abraço sem braços fez-se distante do amanhã)...
A descoberta do carinho fez-se amanhã no tempo que passou.
- (talvez eu siga teus passos)...
Amanhã, comprarei outra revista...


(parceria com Juliana Porto)

4.3.09

- Sem nome -

I

Das quimeras aos etéreos braços.
No baldaquino a carícia é malícia e
Beijo vesperal o ocaso.

A pira da vingança arde neste peito, senhorita.
Transfigurada na irracionalidade primitiva,
na mórbida e decandente obsessão desta criatura.

Fui condenado a sofrer da alma de aço.
A passear amargura pelo chão cinza.

Oh! Tu que fostes a existência, hoje és pó.
Da felicidade efêmera viraste o caminho eterno.
As pálidas flores, hoje, bradam pela esperança.
Transpondo a vida por suas pétalas, caules e raízes.
Não crendo em mais nada, pois nada...
Conforta um coração partido.

27.2.09

--- à quatro mãos --- (com Juliana Porto)

Se melhor é assim,
então que assim seja
Você longe de mim
E o que eu sinta seja somente saudade
Você me fazendo falta
Você personagem do meu faz-de-conta
Na janela olhando horizonte
se divertindo com mal-me-quer
Você só lembrança
Um desejo entre tantos
Não quero você como verdade
quero você assim
De um jeito que você não existe
de um jeito que o meu coração insiste
em saber que você
não é o que parece
mas o que desaparece
Você quando está longe
Apenas o talho perfeito
Você como loucura
que não tarda, vai passar
Que deve ficar
A uma distância segura

Já que fazes falta no meu residir.
E carência no meu persistir.
Já que estás distante do meu corpo.
E fração completa da minha paixão.
Ouça-me...
Converso-te sobre o brilho
Sobre a força
Da estrela que desapareceu.
Dos sinais que perdi com a tua ausência.
Ouça-me...
Converso-te sobre mim
Da metade que pertence a ti.
Converso-te sobre a força
Do descompasso das horas.
Na fenda intensa da tua falta.
Tenhas a certeza...
Desejo-me fazer silêncio com esta distância.
Lastimar na minha pele o latejar
Que te conduz às minhas falas.
E escutar o que me dizes por baixo do meu corpo.

16.2.09

"Só HOJE"

Hoje meu herói e seus cavalos-belos-brancos
Não conseguiam mais bradar
Nunca imaginei ver meu herói assim
O meu herói sisudo parecia estranho
Que me permitiu o receio
De achá-lo com mais medo
Mais do que um terço do que o medo que eu tenho de perdê-lo
...
Hoje eu reaprendi a chorar
Pouco. Espremi e mesmo assim, quase nada
Não consigo acreditar que hoje o meu herói repousa a armadura
Mas assim aproveito
Pra pensar no homem que tem dentro dela
..
E amanhã.. preciso ter o meu herói de novo

18.1.09

Arquivo FMI

Ah, eu já nem me pergunto
Por que eu me acordo e tropeço no azulejo
Por que eu durmo tarde, pra acordar tão cedo

Essa ressaca é o que me mata
Passo o dia bêbado, de sono e de amor
E não saio de casa sozinho, senão eu me perco
Entre os carros e o sol, no rosto e no paletó
Eu me vejo tão preocupado com assuntos que não são meus

Ah como eu queria viajar, pra bem longe
A cada manhã que passa eu me esqueço
de pedir minhas contas e me ver sem emprego
Ah como eu queria te encontrar
em cada esquina, a cada mulher que passa eu te vejo

Ah já acabou meu cigarro
Quero tragar teu beijo