30.12.06

O Recife dos poetas

Passeio na ilusão do encontro com as certezas que sempre profetizei.
Adormeço sentindo o ar quase puro do ar-condicionado.
Levanto-me na madrugada gélida e solitária para escrever
Sobre amores românticos ou profanos.

Sigo as avenidas do prazer.
Junto todas as incongruências e as torno congruentes.
Ultrapasso os carros quase apagados, os sinais vermelhos,
E as meretrizes estudantes.
Tanta beleza, tanta pobreza.

Uma cidade de contrastes.
Nas ruas, descalço, caminho sozinho.
Nos postes mictórios, apóio-me para descansar.

No Marco-Zero sento-me para admirar as esculturas infames.
Acendo um cigarro e começo a jogar com as palavras.
O Antigo continua antigo.
Navios em seu porto e a fragrância peculiar.

Nas estradas, pelas quais prossigo ao retornar,
Atravesso o Capibaribe.
De versos e rimas, pobres e lixos,
Sonhadores e loucos, bêbados sem destino.
Ah! O meu Recife continua lindo.

Cidade dos loucos profetas,
Dos marginais sem pais,
De mortes brutais e
Dos grandes poetas.

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